Quanto vale o trabalho do farmacêutico para o SUS?
Dr. Walter da Silva Jorge João -
Presidente do Conselho Federal de Farmácia -
Em tempos de discussão acirrada sobre corte de gastos públicos, gostaria de inaugurar esse espaço que me foi destinado para tratar da importância do trabalho farmacêutico falando sobre investimentos em saúde. Será que o dinheiro disponível recebe a destinação adequada, visando ao melhor custo benefício e ao bem-estar da população?
É impossível responder à pergunta sem avaliar qual é a composição das equipes de saúde e sem mensurar o valor da contribuição de cada um dos profissionais que as integram, especialmente se considerarmos as redes estaduais e municipais, que concentram o maior volume de serviços prestados aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). E aqui gostaríamos de usar como exemplo, o farmacêutico. Quanto vale o trabalho farmacêutico para a saúde pública?
Pouco se fala sobre isso, mas até 24,2% das internações hospitalares de urgência ou emergência são provocadas por problemas relacionados a medicamentos (PRMs), e cerca de 70% podem ser evitadas (PATEL; ZED, 2002). Considerando esses dados, somente em 2013, o país poderia ter economizado até R$ 2,5 bilhões com hospitalizações de urgência e emergência. Segundo dados do Departamento de Informática do SUS (Datasus) nesse ano foram registradas 3,2 milhões de internações de urgência e emergência associadas a problemas com medicamentos no país, que custaram R$3,6 bilhões aos cofres públicos (considerando o custo médio de R$1,13 mil por internação pelo SUS). O montante que poderia ser economizado corresponde a 70% desse valor.
Trata-se de economia impossível de ser feita sem a intervenção direta dos farmacêuticos. A presença desses profissionais nas unidades de saúde, sejam públicas ou privadas, além de evitar os PRMs, contribui para racionalizar o uso de medicamentos, padronizar condutas terapêuticas e reduzir perdas. É o que conseguiu comprovar o município de Blumenau (SC). Um estudo feito nessa localidade em 2005 constatou que ao aumentar o número de farmacêuticos de 2 para 11, a prefeitura ampliou o gasto com salário de R$33 mil para R$181,8 mil, mas economizou R$1,6 milhão de reais nas despesas com medicamentos (dados anuais).
Esses são apenas alguns exemplos de que a contratação de farmacêuticos, não só na saúde pública, não é custo, mas investimento! É o que o Conselho Federal de Farmácia (CFF) tem procurado demonstrar aos gestores públicos por meio da edição anual da publicação Experiências Exitosas de Farmacêuticos no SUS. O último número acaba de ser lançado e está recheado com 24 relatos onde também estão demonstrados os ganhos em saúde proporcionados pelo trabalho dos farmacêuticos. Vale a pena ler e divulgar!
O arquivo está disponível no site do conselho, no link http://migre.me/vJp0L.
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